sexta-feira, novembro 19, 2004

O seu a seu dono.

As duas pinturas que literalmente deram rosto ao isqueiro nos últimos meses são de Frederick Fannon. O Fred é director de arte na agência de publicidade onde trabalho. O seu talento a fazer reclames - e a criar essa mistura de cultura popular e contracultura de massas - pode em breve ser comprovado na tremenda campanha que irá assinalar o dia internacional contra a violência contra as mulheres, da APAV. Obrigado Fred, por teres partilhado aqui o teu trabalho.

quarta-feira, julho 14, 2004



terça-feira, julho 13, 2004

Concerto Marta Hugon Quinteto

15, 16 e 17 de Julho no Hot Clube. Marta Hugon na voz, Filipe Melo ao piano, Bruno Santos na guitarra, Bernardo Moreira no contrabaixo e André Sousa Machado na bateria.

"A música faz rir mas também dói. Toda a gente sabe. E o jazz é um bom catalizador de emoções. Por isso, a escolha de um repertório deve ser feita com o coração. Por isso, os temas que interpretamos foram escolhidos a dedo para contarem as histórias de amor e de ciúme que fizeram a história do jazz nos últimos 50 anos. Entre as piscadelas de olho de Cole Porter e as baladas de fazer chorar as pedras da calçada, nasceu um concerto intimista mas divertido, e cúmplice com o público, porque cúmplices são os músicos entre si. E afinal não é disso que é feita a música verdadeira?"

Marta Hugon

Mnémopolis III.


segunda-feira, julho 12, 2004

Devia fazer-nos pensar.

"Cerca de 60 por cento da população adulta portuguesa depende do Orçamento Geral do Estado. São pensionistas, funcionários públicos,subsidiados, titulares de rendimentos mínimos...
Isto é o resultado de uma sociedade muito conservadora?
É o reflexo de uma sociedade parasitária!"
Medina Carreira entrevistado por Eduardo Dâmaso e Graça Franco. Para ler aqui, aqui, aqui e aqui.

Deve estar a rebentar.

Literalmente. Sopranos, no segundo canal (2ª feira, 22h30).

Trovadores.

Foi-me dado a conhecer mais um: Josh Rouse, através do seu mais recente álbum "1972".

Vite, la Constitution de l'Europe !

Por Valéry Giscard d'Estaing. Três breves notas:
As alterações introduzidas no projecto de Constituição Europeia foram fundamentais (o projecto está hoje menos mau). A sua apreciação sobre as alterações entretanto introduzidas denotam algum “mau perder”. O destaque que Giscard d'Estaing dá à sua “Europa dos Cidadãos” é profundamente demagógico.

Keith Haring.


Na Cultugest.
nuno

Mnémopolis II.



Ou a cidade imaginária de Gil Heitor Cortesão.
nuno

domingo, julho 11, 2004

A Esquerda e o Serviço Público.

Por Luís Cabral de Moncada. Vale a pena ler. É minha opinião que, a não ser em questões últimas - questões de fronteira moral - se deve substituir uma lógica de exclusividade por uma forma de pensar e agir que asente numa lógica de complementariedade. Se fossem precisos, estes constituiriam-se com exemplos: da Gulbenkian (quantas vezes designada como o verdadeiro Ministério da Cultura) à Sociedade Guilherme Cossoul, na cultura, da Universidade Católica (apesar dos questionáveis benefícios decorrentes da velha como da nova Concordada) a todas as creches coorporativas e associativas do país, na educação. Estas ideias - a(s) do artigo de Augusto Santos Silva que Cabral de Moncada desmonta - são velhas e de tal forma enraizadas e tidas como adquiridas que quase não permitem um sã discussão.
Não tenho dúvidas de que, mesmo apenas por razões meramente práticas, o Estado não pode, não consegue, não deve chegar a todo o lado. Uma lógica de complementariedade mostra que o inverso também não é verdade.

sábado, julho 10, 2004

O discurso de Jorge Sampaio.

Pode ser lido aqui. O assunto interessa-me de sobremaneira e diz-me respeito, diz-nos respeito. A este voltarei, logo que me seja possível.

quarta-feira, julho 07, 2004

Recordando.




Em Pádua, encostado ao Palazzo della Ragione, o mercado estende-se pela manhã e pela Piazza delle Erbe.
Setembro 03.
nuno

terça-feira, julho 06, 2004

Para variar.

Uma boa notícia. A primeira pedra da Torre da Liberdade foi lançada no Ground Zero: a reconstrução do World Trade Center começou simbolicamente no dia 4 de Julho. Para saber mais, vá aqui.

sexta-feira, junho 04, 2004

Mnémopolis.

É o título da nova exposição de Gil Heitor Cortesão, patente no Centro de Arte Moderna, na Gulbenkian. De 18 de Junho a 26 de Setembro. Terça-feira a Domingo das 10h00 às 18h00.
Para saber mais, vá aqui .

terça-feira, junho 01, 2004

Béjart.

Se é incondicional de Maurice Béjart, não continue a ler. O desgarrado conjunto de três coreografias que a companhia Béjart Ballet Lausanne apresentou no Coliseu dos Recreios, no mês passado, não é autobiográfico. É narcísico. Só a espaços pude recuperar alguma da emoção com que vi toda a homenagem do bailarino e coreógrafo a Freddie Mercury. Ou o apoteótico final da anterior passagem da sua companhia por Lisboa. Não é fácil esquecer a forma, compassada e uniforme, como o corpo de Gil Roman foi crescendo e extravasando o palco, ao som do Boléro de Ravel.
E assim vou pondo o mês de Maio em ordem.

Trovadores.

Obrigado, obrigado. Duas vezes obrigado, a quem, com paciência, me vai fazendo descobrir. Não tenho educação musical. Sei que o alemão e o italiano são as línguas da Ópera e ... acabou a minha erudição. Nunca entendi porque algumas revistas de fim de semana - o Dna, por exemplo, até há bem pouco tempo - consagravam páginas inteiras de texto aos diferentes tipos de “aparelhagens”, sublinho, páginas inteiras. Sou um (mau) produto do meu tempo. A música apenas me desperta emoções. Que vivi e que nunca viverei.

Noventa e sete ponto oito.
É uma rádio, chama-se Radar e agarrou-me. Toda a música que passa, passa na Radar. Para começar passa Magnetic Fiels, Elliot Smith, Eels e Jorge Palma, para começar... Agora, só às horas certas vou à TSF ouvir as palavras que junto à música da Rádio Radar. E suporto com um sorriso jovial a publicidade aos atoalhados do Paga-pouco. Obrigado Raquel, por há uns meses atrás, me teres sintonizado.

Lambshop
A banda de Nashville foi-me dada a conhecer pelo Ricardo, que me levou à Aula Magna no princípio de Maio. Fui no escuro. Mas, como sempre, fui tranquilo. Sabe o que é ter um amigo que - mais importante do que saber e gostar muito de música - adivinha exactamente a música de que você gosta? É o Ricardo Adónis. Nos últimos anos, é na Aula Magna que tenho visto os concertos de melhor memória. Alguns de músicos portugueses e bastantes outros de músicos de diferentes paragens, muitas vezes pela segunda vez no país. É na Aula Magna que sei que os posso apanhar depois, quase sempre, de um primeiro concerto no Paradise Garage, onde só episodicamente vou, mas, mais importante, antes dos pavilhões atlânticos da vida. Gosto da Aula Magna da Reitoria da Faculdade de Clássica de Lisboa. Tem uma acústica formidável - diz quem sabe e quem, muito provavelmente, lê as páginas de critíca às aparelhagens – e é muito bonita. Já reparou no tecto da sala feito de betão entrelaçado? Ricardo, obrigado uma vez mais.

domingo, maio 30, 2004

6 de Junho.

Está aqui. Porque, como alguém disse, a memória é uma vela acesa.

sábado, maio 15, 2004

Perder o chão.

Reler algumas das patetices que para aqui ando a escrever faz a cara estalar de vergonha.
O remédio é continuar.

terça-feira, maio 11, 2004

Ainda Saramago II

O “Ensaio sobre a lucidez” começa de uma forma sublime. Também eu, de um banco de jardim onde o comecei a ler, estive naquela assembleia de voto. Não gostei da forma como o livro acaba. Acaba com uma história que não é sua. E acaba pequeno.
Neste seu novo livro como em “Todos os nomes”, o autor dá as obras por concluídas, ali, exactamente onde o faz, como o poderia ter feito bastantes páginas atrás ou algumas à frente. O que, em si, não é bom nem mau. A sensação com que se fica é que alguém bateu à porta de sua casa e Saramago, enfadado, aproveitou o pretexto. Prontos, tá dito.

sexta-feira, abril 16, 2004

Ainda Sarajevo.

Foi lá que descobri o trabalho do pintor Mersad Berber. A sua pintura é como o seu país. Na superfície dos seus quadros, tudo se acumula, tradição clássica e modernidade, ocidente e oriente. Por isso, talvez, aquela textura. Para ver ou rever o seu trabalho, vá aqui ou aqui. Não é muito longe.

quarta-feira, abril 14, 2004

Ainda Saramago.

Aconteceu-me pela primeira vez com a leitura de "Todos os nomes". Voltei, ao ler este seu último livro, a ficar com a mesma e estranha impressão. Vou tentar passa-la a escrito.

segunda-feira, abril 12, 2004

Leituras.

Acabo de ler o "Ensaio sobre a Lucidez" de José Saramago. Estranhei a forma como o livro foi apresentado, muito pateta e pretenciosa, para utilizar não um mas dois eufemismos. Mas entranhei o livro, que é feito, na minha não qualificada opinião, de trechos de prosa, aqui e ali verdadeiramente magistral. A "ideia" do livro (para empregar as palavras do autor), do voto em branco generalizado, é banal e recorrente e mostra, uma vez mais, que a literatura se faz não importa com que assunto e matéria. No entanto, para alegoria que manifestamente pretende ser - neste caso, a da falência do sistema democrático - falta ao livro a representação, figurativa e/ou especulativa, de uma possibilidade, de uma alternativa, que não tem nem apresenta, ou, pelo menos, o meu olhar cansado, entorpecido e pouco vigilante não alcançou (ou admito, não quis alcançar). Fora do livro, a crítica - não a alternativa - ao sistema democrático pode ser encontrada nas várias entrevistas em que Saramago se desdobrou nos dias que rodearam o lançamento, por exemplo, aqui, aqui e aqui. É minha opinião que esta sua crítica é mais grave do que o problema que pretende denunciar mas não resolver.
Os livros também pertencem a quem os lê.

segunda-feira, abril 05, 2004

Para chorar a rir e chorar por mais.

"A peça continua assim?" de José Carlos Dias, sequela natural de uma outra que deu pelo nome de "A peça chama-se assim?", está já em cena na Guilherme Cossoul. Sim, estou a falar outra vez do grupo de teatro amador altaCena, que já é também um grupo de amigos. Duas vezes a vi. Entre os muitos sketchs, há três ou quatro raros momentos que levam o melhor da nossa longa tradição satírica ao espelho, à frente do qual nos rimos, com vontade, de nós próprios.
Entre tanta e tanta gente que vive o que faz, não sou capaz de não refererir de forma muito especial o trabalho de Ana Gil, Pedro Lobo e Paulo Azevedo, três belísssimas interpretações. A todos, muito obrigado.
Todas as sextas-feiras e sábados, às 23h00, na Cossoul, na D. Carlos I.

terça-feira, março 30, 2004

De volta.

Passou já algum tempo, mais de um mês e meio, desde a última vez que aqui escrevi. É porventura um intervalo de tempo demasiado longo para um meio tão sôfrego como este. É assim, não sem receio, que regresso ao isqueiro. Receio que aumenta por saber que dificilmente conseguirei manter a regularidade que gostaria.

Lá fora a vida continuou. Logo nos primeiros dias de Março tive a felicidade de poder descobrir Sarajevo. Em paz (infelizmente alguns dias depois e ali mesmo ao lado, no Kosovo, Albaneses e Sérvios voltaram a levar a morte uns aos outros). Se viajar, e descobrir e aprender, é um exercício de humildade, entrar na capital da Bósnia-Herzegovina é-o por maioria de razão. Na estrada que nos conduz do aeroporto até ao centro da cidade é impossível não reparar em vários cartazes 8x3 que exibem armas. Pergunto o que significa e a resposta sai da boca do taxista com absoluta naturalidade: é afinal uma campanha que apela à entrega de armas pelos civis.

Sarajevo é um lugar invulgar, começa plana no centro, começa cidade, e acaba aldeia, com as pequenas moradias que se espalham pelas montanhas. E que agora rodeiam a cidade de branco. No centro, na Avenida Marechal Tito, o Império Austro-Húngaro está a um edifício de distância do Otomano, a Europa e a Ásia cara-a-cara. Cada império a puxar a avenida para o seu lado, cortando-a literalmente ao meio com as respectivas influências arquitetónicas. Os dois impérios assim como a Europa implodiram com a primeira grande guerra, cujo início se evoca numa discreta placa colocada num velho edifício, no preciso local onde o Arquiduque Francisco Fernando foi assassinado em 1914, a escassos 300 metros do Hotel onde fiquei. É uma cidade onde muito se perde mas tudo se acumula. Mesquitas, igrejas ortodoxas e católicas e sinagogas separadas pelo frio das ruas. Alguns séculos assim percorridos em poucos passos. Em frente do meu hotel fica o antigo edifício do parlamento, hoje uma estrutura de betão preto pelo fogo que o consumiu por dentro. É, com a antiga biblioteca da cidade, já em reconstrução, e alguns sinais de disparos nas fachadas de uns quantos edifícios – que os meus olhos se vão habituando a procurar – a marca da última guerra da Europa. Tudo se acumula, da confusão do bazar muçulmano, do centro, aos anónimos blocos de apartamentos do período socialista, já na periferia. Tudo se acumula, esperança , muita esperança.

Fui a Sarajevo pelo mais improvável dos motivos. Participar na segunda edição do Festival de Publicidade da cidade (se quiser tentar, aqui fica o linque). A futilidade, a sua simples existência, é muitas vezes, e aqui muito em particular, razão de esperança. E é assim, gostaria de poder continuar, mas de lá de fora a pressa chama.

domingo, fevereiro 08, 2004

Baixa pressão.

O nevoeiro vai envolvendo a cidade que fica cada vez mais limpa. Deixa-nos apenas com as antenas, metal que o vento esculpe e torce, e a roupa estendida. Ao longe, só o silêncio e novamente o metal quieto, algumas gruas, ângulos rectos. Lisboa é uma imagem à qual recortaram o fundo.

Este nevoeiro poderia ter saído de dentro de nós.

quinta-feira, fevereiro 05, 2004

Sobre a ternura.

Na sexta-feira passada, o Miguel levou-nos a ver “Nunzio” de Spiro Scimone ao Teatro Taborda. A peça fala-nos de ternura, essa suave disposição para sentir.
A ternura é um gesto longo, é um olhar que se sopra com calma e assim vai a todo o lugar, ao riso e ao choro, e aí se demora.
“Dois homens, Nunzio e Pino. Vieram do sul pobre, vivem num modesto quarto do Norte. Nunzio trabalha numa fábrica de produtos químicos, Pino é um assassino a soldo. Um diálogo de homens sós, abandonados.” Continue a ler aqui e, definitivamente, não perca. No Teatro Taborda, até 29 de Fevereiro. O texto, excelente, escrito em dialecto de Messina - cidade portuária do norte da Sicília que viu nascer o autor - é-nos oferecido por uma encenação sóbria, que se revela no detalhe e na forma inteligente como nos dá o contexto. Miguel Borges (que pode ver no anúncio “Roucos” da Vodafone) e João Meireles, os actores, sopram ternura. Para a levarmos para outros palcos.

Muito a propósito.
Na semana passada os Artistas Unidos comemoraram quatro anos de uma actividade que não merece ser esquecida. Na mesma semana, Jorge Silva Melo, actor, encenador e director da companhia foi distinguido com o Prémio Almada para teatro, atribuído pelo Instituto das Artes (IA), no valor de 25 mil euros, e recusou. Recusou porque "não compete ao Estado distinguir uns (artistas) em detrimento de outros". E porque, como afirmou "Não gosto de prémios de Estado porque acredito - fui educado assim - que o artista é por natureza um traidor ao poder instituído", disse o encenador. E acrescenta "O artista desenvolve a sua actividade contra o Estado e, por isso, deve ser reconhecido por associações profissionais. O Estado não tem o direito de premiar passados." A notícia, está entre outro sítios, aqui. Esta segunda-feira, Silva Melo conversou com Carlos Vaz Marques na TSF, conversa que infelizmente não consegui ouvir na íntegra. Apanhei o suficiente para o ouvir explicar os adiamentos e desencontros – demasiados – com o poder local e central que depois de tanta espera se apresenta sob a forma de prémio. A atribuição do prémio é, assim, desnecessária e ofensiva.
O tema não é novo. A corajosa recusa do prémio deveria-nos fazer pensar. Concordo com a atitude não, completamente, com a sua justificação. Do particular para o geral e correndo o sério risco de ser maçador, aqui está a minha opinião:
a) a recusa de um prémio deste género é, graças a Deus, uma opção livre; a de Jorge Silva Melo tem o mérito de chamar a atenção para a sua causa (e nossa, a de quem gosta de teatro);
b) o Estado distingue, individual ou colectivamente, artistas: para tal concede ou não subsídios e apoios diversos; o que nos remete para - assumindo que este também deve, mesmo num país pobre e com carências estruturais como o nosso, um papel do Estado – a longa e difícil questão da definição do critério de atribuição;
c) os artistas, os criadores não devem ser subservientes com o poder que lhes deposita o subsídio e podem e devem funcionar como contra-poder – o de fazer sentir e pensar de outra forma, de uma forma tendencialmente nova e crítica, a par da conservação e divulgação da cultura entretanto produzida - o que me parece substancialmente diferente e por isso excessivo de ser “um traidor ao poder instituído” (eleito por todos, não?) e de desenvolver “a sua actividade contra o Estado” (a forma como todos nos organizamos colectivamente? para recolher impostos, por exemplo);
d) o Estado, ao contrário do que afirma Jorge Silva Melo “tem o direito de premiar passados”. Para isso há as ordens honoríficas. Não com prémios pecuniários, o que me parece completamente despropositado e mesmo estapafúrdio e aí Silva Melo está coberto de razão. E era justamente por aí que se devia ter ficado.
Tenho a perfeita consciência de o escrevi são pouco mais do que perfeitas banalidades – e de que fugi propositadamente à principal questão: não podendo financiar toda a cultura quais os critérios que devem presidir à atribuição de financiamentos públicos - mas à força de as ter procurado na imprensa e não as ter encontrado...
Sou daqueles que fica contente de ver o Taborda – ou outra qualquer sala de teatro - a transbordar de gente, que gosta de teatro, feliz (na sala ao lado, os Artistas Unidos representam “Terroristas” dos irmãos Presniakov). Sou daqueles que, no entanto, considera que um subsídio desvirtua a contra-cultura, o que não é ou pelo menos não é assim que entendo o conjunto da actividade dos Artistas Unidos. À qualidade e persistência, o estado não pode responder com o silêncio. Aqui também, o Estado não está a ser uma pessoa de bem.
Que critérios para atribuição de subsídios à cultura? A importância de uma árvore vem dos frutos que dá. Mas também, da sombra que oferece.

quinta-feira, janeiro 29, 2004

Leituras.

Acabo de ler "O Paraíso e o Poder - A América e a Europa na Nova Ordem Mundial" de Robert Kagan. Sobre este livro, escreveu Adriano Moreira - que a par de Francisco Lucas Pires, constitui uma das minhas referências políticas - na "Visão" da semana passada, a concluir o seu texto com o título "A cisão atlântica" (link indisponível): "Aconteceu que, no trajecto dos conflitos internos europeus, a solidariedade superou essa circunstância sempre que o conjunto dos Estados se viu perante uma ameaça comum. Desta vez, a cisão transportada para o espaço atlântico é frequentemente filiada pela crítica justamente no desaparecimento da ameaça que uniu ocidentais por meio século. Se a solidariedade tem de continuar a depender das más razões, então seria assisado assumir rapidamente que a ameaça instalada, com expressão esdrúxula no terrorismo global, tem o Ocidente como alvo prioritário."

E estou preso à leitura de três outros livros: "Sous le signe de la Providence - Comment la diplomatie américaine a changé le monde" de Walter Russell Mead, "O Gueto de Varsóvia", cuja edição foi coordenada por Miriam Assor, e "Impasses" de Fernando Gil, Paulo Tunhas e Danièle Cohn. Livros para os quais vou regressar, agora que acabei de escrever.

Duas excelentes notícias.

Mais de 120 mil assinaturas pelo referendo sobre o aborto entregues no Parlamento.
Blair: Relatório Hutton absolve em definitivo o Governo britânico.

Excelentes pelo conteúdo, excelentes pelo significado. A democracia somos nós, com regras.

quarta-feira, janeiro 28, 2004

A noite, mais tarde.

Devagar, a luz dos dias cresce. Depois, uma sombra une-se a outra e a outra e por fim são uma inteira. Só uma. Só sombra. Consigo mesma.

segunda-feira, janeiro 26, 2004

Não sei.

E não quero pensar muito. Gosto e identifico-me cada vez mais com o que escreve Pedro Rolo Duarte no seu DNa. É assim mesmo: não foi pelo seu último texto, não me peçam para explicar.

Talvez o tenha começado a ler com outros olhos depois, de há uns tempos atrás, ter "ouvido" a sua confissão sobre como, chegado aos quarenta anos, perdeu, cito de memória, a capacidade de ser surpreendido, de pouco ou nada mais que venha do mundo, o espantar. Senti ali, naquela pequena porção de texto, muita verdade. Pronto, foi por isto.

Crónica a crónica.

Lobo Antunes foi um dos presentes que pedi no Natal. Ainda não consegui começar "Boa tarde às coisas aqui em baixo". Mas vou lendo as suas crónicas na "Visão" e esta última - "28.12.03" - não foi excepção.

Parece-me cada vez mais que Lobo Antunes se anda a despedir, crónica a crónica. É um direito de quem viveu. Tenho pena, muita pena, mas que bem que o faz.

Democracia sem democratas.

Acabo de ler a entrevista que José António Pinto Ribeiro – um dos fundadores do Fórum Justiça e Liberdades - concedeu a Maria João Seixas na “Pública” de ontem, que o convido a ler aqui. A simplicidade percorre toda a entrevista e faz-me recordar um princípio básico que teimamos em esquecer: tudo o que à lei diz respeito deve poder ser compreendido por todos, ou pelo maior número possível. Por um leigo como eu, por exemplo, que só entrou uma vez e de fugida num tribunal ou você, muito provavelmente. Descobri com perplexidade que no nosso país “...o MP (o Ministério Público – a acusação) está sentado lá em cima junto ao sítio dos juízes, num plano mais elevado do que o advogado de defesa...”. Não é, no mínimo, normal. E confirmei, sobre a futura Constituição Europeia, uma ideia – a ideia - que encontrei na tradução de Viriato Soromenho-Marques e João C. S. Duarte de “O Federalista” de Hamilton, Madison e Jay: “Ninguém tem coragem de olhar para os Estados Unidos e ver que aquilo (um sistema federal) é possível, mesmo não havendo na Europa uma língua comum, mesmo não havendo uma história comum...Não teria que ser um decalque exacto, mas, porque não? Duas Câmaras: uma de representantes dos cidadãos eleitores e outra composta por dois representantes por cada Estado Membro.” O que Pinto Ribeiro pensa e disse é evidente à vista mais desarmada. A solução de duas Câmaras para a Europa é a única – conhecida e com provas dadas sem interrupções desde 1787 – que assegura e concilia ao mesmo tempo a representatividade proporcional da totalidade dos eleitores da União e a voz igual de cada Estado Membro. Esta questão e a da redução do texto constitucional ao essencial – voltamos ao princípio de que tudo o que à lei diz respeito deve poder ser compreendido por todos, ou pelo maior número possível e à já velha constatação de que com a quantidade de legislação que todos os anos as várias instâncias nacionais e europeias produzem fazem de cada um de nós um criminoso em potência – constituem provavelmente as que menos se discutem. Regressemos a Pinto Ribeiro, para concluir: a igualdade perante a lei deve começar na sua compreensão e discução. As evidências vêem quase sempre ao de cima com fluência e espontaneidade. É o caso da sua entrevista.
Esta entrevista é ainda uma óptima sequência de leitura do artigo do “Público” de Sábado – “Democracia sem democratas - de Ralf Dahrendorf no qual se defende, argumentando e exemplificando, que a qualidade de uma democracia depende da administração da lei. A nossa vai nua.

Para saber mais sobre o Fórum Justiça e Liberdades, vá aqui e aqui.

domingo, janeiro 25, 2004

Fel Gueiras.

Acabo de ver e ouvir o Professor (de Direito) Marcelo Rebelo de Sousa a falar sobre Fátima Felgueiras na TVI. Referiu e bem que, ao contrário do que grande parte da imprensa disse este fim de semana, a Senhora não volta directamente para assumir a presidência da câmara. Se voltar, apesar do Tribunal Constitucional ter declarado inconstitucional a suspensão do seu mandato à frente da câmara, ela volta para a prisão, uma vez que o acordão do Tribunal da Relação que decretou a sua prisão preventiva por alegada prática de crimes de corrupção continua em vigor. Mas não só. O que Marcelo Rebelo de Sousa não disse constitui a pergunta que aqui deixo e cuja resposta me parece evidente: Fátima Felgueiras não é já culpada - ou arguida em novo processo - por ter literalmente fugido à Justiça?
E, francamente, a hipótese de governar a câmara a partir do Brasil parece-me uma má anedota. Daquelas para as quais temos a invulgar capacidade de fabricar instantes depois de uma tragédia acontecer.

quarta-feira, janeiro 21, 2004

O que não se discute quando se fala do Aborto.

O meu primeiro post (e provalvemente o último) é um grito de indignação e de esperança. Gostava que alguém me estivesse a ouvir. É um grito de uma mãe e de alguém que viu e vê a sua vida sofrer inúmeras e sucessivas transformações irreversíveis no ciclo de evolução no feminino. Transformações voluntárias, algumas, e outras nem por isso, umas conscientes e emocionalmente desconcertantes, outras regressivas e muitas dolorosas, o corpo, a identidade feminina, o deixar de ser filha para passar ser mãe... Ser mãe como referiu Ammaniti “ é um momento de reflexão do seu passado e de relançamento do seu futuro”.

Mas voltemos à questão que me trouxe aqui, a discussão sobre o aborto gira invariavelmente em torno da questão do direito à vida como avanço civilizacional, consagrado na nossa constituição, e damos por nós a esgrimir argumentos com base na cientificidade da vida embrionária. Pois o que quero partilhar com vocês também é produto dos maravilhosos avanços da ciência.

Sabemos desde a década de 60 com Winnicott que sem mãe um bebé não existe e sem holding – sem o carinho próprio de uma vinculação segura - não cresce por dentro. Com Bion aprendemos que é o dom ou a qualidade específica da mãe maternal que organiza o interior psíquico do bebé , dando progressivamente um sentido ao mundo que o rodeia. A mãe é , pois, o objecto fundador do sujeito.

Podemos afirmar com toda a certeza que ser mulher não é equivalente a ter capacidade para ser mãe. Que a competência maternal é uma qualidade exclusivamente do sexo feminino, inerente à diferença anatómica entre os sexos, que é o traço psicológico da capacidade contentora do corpo da mulher. E que no acto de procriar está implicito uma primeira triangulação na qual o poder decisivo pertence à mulher. Sabemos também que a capacidade maternal é um sentimento/qualidade muito complexo que se encontra ligada a um sem número de afectos, de investimento e de sentimentos de grande ambiguidade.

Como escreveu Maria José Gonçalves, Pedopsiquiatra, na revista Análise Psicológica 1, 1992: “Apesar da procriação se inscrever no destino biólogico da espécie , o projecto e o desejo de ter um filho ultrapassam as necessidades institiva ligadas à sobrevivência e inicam-se durante a infância (...)Na idade adulta , o projecto de ter um filho contém em si vários desejos...:

1. o desejo amoroso heterosexual;
2. o desejo de criar uma relação nova com um ser afectivamente apelativo e dependente;
3. o desejo de por à prova a sua capacidade e maturidade psicosexual;
4. o desejo de assegurar a continuidade pessoal e da familia.“


Este assunto é sensível e deve ser tratado com consciência, com a certeza de que não estamos a falar apenas de gravidez, de uma questão de 10 ou 12 semanas, mas sim de SER MÃE ! Em defesa dos bébés e da mães assine a petição. Aqui.
Marta Cunha Serra, 19 de Janeiro de 2004

terça-feira, janeiro 20, 2004

A minha agenda.

ou "'Tou com a telha" ou ainda "Real Gana".
Os textos sobrepôem-se sem nexo. O isqueiro não tem “agenda”.
O isqueiro - já é porventura tarde para ensaiar uma explicação em complemento ao relativamente breve e flexível estaturo editorial que pode encontrar no longíncuo primeiro post - é um blog em que falo do que me interessa. No gerúndio. Sem agenda, portanto. Minto, tem a minha agenda, das convições aos apetites.

Kill Bill.

De Quentin Tarantino. Duas palavras - formalmente magistral – não chegam. Porque a forma não preenche todo o espaço reservado ao conteúdo, que não existe.
O último grito do cinema analógico (bolas, esta última frase correu-me de feição: há momentos assim). Volte por favor à frase que começa: "porque a forma não preenche..."

Muito provavelmente, é só uma impressão.

Própria de quem por aqui – na blogoesfera – anda, lê e se vai viciando. Não estará o espaço de opinião da (parca) imprensa escrita de referência portuguesa cada vez mais intimista, mais introspectivo? Mesmo descontado o gradual aumento da “opinião” na imprensa – expressa em colunas que a par das crónicas e de uma ou outra carta ao director constituem o melhor da leitura dos jornais. Mesmo relevando a “esquizofrenia” colectiva (na verdade, é o comportamento típico de um maníaco-depressivo) que nos levou da euforia - da Expo 98, da Independência de Timor, do Nobel de Saramago, da Geração de Ouro no Futebol, parece longe, não é? - à depressão que nos chegou de repente e com uma forte carga emocional - a pedofilia rima infelizmente com Casa Pia, a perca de emprego...
Mesmo assim, descontando e relevando, parece-me que o que se faz e escreve neste súbito meio, nestes novos cadernos electrónicos que são os blogues, está a condicionar a mensagem da imprensa. Os intervenientes e os assuntos são muitas vezes os mesmos mas, mais importante, nenhum muro é no espaço público suficientemente alto para parar uma boa polémica. Os blogues, subproduto da rede, dessa fonte de fontes, alimentam-na e à imprensa. Ainda bem. A blogoesfera começa a aumentar exponencial e qualitativamente a agenda da imprensa. E a “opinião” na imprensa, como dizia à pouco, pode estar a ficar mais íntima e intimista. E se assim for, ainda bem.
Apesar de diferenças óbvias, a afinidade dos dois meios é grande, ambos são meios quentes, cujos consumos não são passivos. A limite, os dois meios, podem ser uma mesma mensagem. Na imprensa e num país, como o nosso - de analfabetos funcionais e no qual o acesso à rede é (e será enquanto não resolvermos o problema anterior) um privilégio – a opinião tem que vir de mão dada com factos e dados ou essa peliculade de objectividade subjectiva que nos informa.

Transcrições 2.

Chamo a sua atenção para o seguinte texto publicado ontem no Blogo Social Português por Luís Lavoura, que naturalmente subscrevo na íntegra.

“Bové ou Brasil
Segundo o PÚBLICO de ontem, domingo, "o francês José Bové [foi] acolhido em braços [no Fórum Social Mundial em Mumbai] para defender que a agricultura seja retirada das negociações da Organização Mundial do Comércio" (OMC). Ou seja, Bové assume uma posição diametralmente oposta àquela que Brasil, Índia e outros países do Terceiro Mundo tomaram no encontro da OMC em Cancún. Nesse encontro, recorde-se, esses países provocaram a ruptura das negociações ao exigirem intransigentemente a eliminação dos subsídios agrícolas praticados pelos EUA e UE, e a inclusão dos produtos agrícolas no âmbito do comércio livre. É claro que para os agricultores franceses, que Bové ao fim e ao cabo representa, a inclusão da agricultura nas negociações da OMC é altamente indesejável. Os agricultores franceses querem continuar a ser subsidiados, a terem o mercado de toda a UE por sua conta, e ainda a poderem fazer "dumping" dos seus excedentes para países do Terceiro Mundo. Mas os interesses dos agricultores indianos e brasileiros certamente que não coincidem com os dos franceses. Bové é aclamado no FSM por ter andado a partir vidros de lojas McDonald lá em França, e por dizer mal da OMC. Talvez fosse bom analisarem melhor as motivações com as quais ele partiu esses vidros, antes de o aclamarem. É que o protecionismo agrícola dos países ricos causa muitos danos à economia dos países pobres.”

O dedo e a ferida. A posição de Bové não é apenas de um egoísmo extremo e evidente e de uma fragilidade estrábica, raia o crime, sublinho sem medo, crime.
Todos os anos, parte significativa dos recursos da União são utilizados de forma a impedirem a entrada na Europa de produtos agrícolas de países pobres (e assim, literalmente, a condicionar o seu desenvolvimento). Todos os anos se deitam fora quantidades não negligenciáveis de produtos agrícolas (alimentos, para quem não tem o que comer) de forma subsidiada por todos nós.
A publicação deste texto no Blogo Social Português contra o discurso do “antigamente é que era bom”, prova de que “um outro mundo é possível”. Assim como esta e esta iniciativa, por exemplo. E pela preparação imediata do fim definitivo ainda que gradual da PAC, essa anacrónica forma de socialismo no seio de um conjunto de paises que consagraram o liberalismo (regulado, com regras) como o princípio do seu desenvolvimento económico e social.
Bové anda a respigar o campo dos subsídios antes dos que vivem efectivamente na mais miserável das pobrezas. Bové é o último respigador, atrás dele não sobra nada. Atirar pedras a montras é uma actividade lucrativa: a quem interessa os seus passeios pelo mundo e quem os financia?


segunda-feira, janeiro 19, 2004

Transcrições.

Não resisto a transcrever o breve texto publicado por José Pacheco Pereira ontem no seu "Abrupto". Sem esquecer o mais importante - o sofriemento de muitos às mãos da nossa diatadura - tem graça.


"PORTUGAL NO SEU MELHOR – OS PIDES FILATELISTAS

Os frequentadores dos arquivos da PIDE e dos Tribunais Plenários podem verificar que muita correspondência apreendida pela PIDE e que é anexada como prova tem os selos cortados nos envelopes. Os PIDEs filatelistas lá iam coleccionando uns selos nacionais e estrangeiros. Então a correspondência de origem internacional, nos anos sessenta, motivada pelas campanhas da Amnistia Internacional, está toda cortada. Fabulosa concepção de provas, fabulosa mesquinhez, pequenez, mediocridade de pacóvios mangas de alpaca, de pistola e mão para a bofetada. Grande retrato do Portugal da ditadura: os PIDEs filatelistas."

Saudades de uma Obra-prima?

Playtime – Vida Moderna, de Jacques Tati.
Em reposição no Nimas, Av. 5 de Outubro, 42B em Lisboa. Telefone: 21 357 43 62. Às 14h30, 17h, 19h30 e 22h.

sexta-feira, janeiro 16, 2004

Transmissível.

Hoje aprendi que não se declama poesia. A poesia diz-se.
Aprendi com Germana Tânger que a disse uma vida inteira e a disse hoje uma vez mais.

Foi à conversa com Carlos Vaz Marques, uma conversa sem silêncios, com palavras unidas com carinho e ternura, com amor. Valeu o dia e fez recordar outros fins de tarde, n’A Comuna, com “A Palavra dos Poetas”.

“Pessoal e Transmissível” de Carlos Vaz Marques – 2º a 6º às 19h00 na TSF – é um formidável regresso a casa.

terça-feira, janeiro 13, 2004

Ausência Reflectida.

Já é conhecido o projecto vencedor para o memorial do 11 de Setembro de 2001. Dois lagos no exacto local onde antes estavam as torres gémeas. Dois lagos que descem a nove metros da superfície e à volta dos quais serão gravados os nomes das vítimas, os nomes surgem sem ordem como a brutalidade aleatória das suas mortes. Dois lagos que simbolizam o vazio reflectido, numa praça aberta de pedra e pinheiros.

Nas palavras do presidente do júri do concurso, Vartan Gregorian, o memorial " expressará tanto a perda incalculável de vida como a sua regeneração". É uma obra que "não só preserva o espaço deixado pelas Torres, mas também reconhece individualmente as vítimas e relaciona de novo, maravilhosamente, o lugar com o tecido urbano da comunidade". O projecto, assinado pelo arquitecto Michael Arad e pelo paisagista Peter Walker, tem o nome de “Ausência Refectida”.
Siza Vieira refere-se ao desenho vencedor assim: “É muito bem feito, uma coisa com muito equilíbrio”. Ao “Público” (de 10 de Janeiro) o arquitecto refere ainda ter sido tentado a participar no concurso e explica porque recusou:” não tinha disposição... foi uma experiência tão emocional, tão traumática, sobretudo para as pessoas que viviam aqui, que não podia sentar-me e pensar. A arquitectura não é o meio para lidar com isso...”
O projecto de Michael Arad não foi recebido de uma forma consensual entre os familiares das vítimas e demais nova-iorquinos. Siza Vieira refere ao mesmo jornal perceber “essa reação” porque “para os familiares a arquitectura não pode dar uma resposta”.

O Homem tem essa capacidade única de elaborar e atribuir significados. Esta capacidade não chega para substituir o referente maior, a vida de alguém que se ama.
A arquitectura é celebração da vida. É o que tenho vindo a aprender com a Bloca, o Miguel, a Teresa, o Ricardo, o João, o Duarte, o Pedro, o Luís. A “Ausência Reflectida” é a celebração da vida mesmo depois do seu fim. Aqui.




quinta-feira, janeiro 08, 2004

Está em jogo.

Aqui.

quarta-feira, janeiro 07, 2004

Sem título.

terça-feira, janeiro 06, 2004

A jogar é que a gente se entende.

Ninguém é perfeito. Só agora dou conta que neste início de ano troquei o meu velho Catan (de cartas moidas e tabuleiro manchado de café) pelo velhissímo Mancala (enquanto não o souber jogar, contemple apenas: é suficientemente bonito). Jogue. Jogue sem parar. E descubra, em definitivo, se ela (ele) é a mulher (o homem) da sua vida. E vice-versa. Obrigado Ricardo A., pela descoberta. Do jogo.

Seguidores

Acerca de mim

nunomelodasilva@yahoo.com